Podres Poderes

Acabo de acompanhar ao vivo a reunião ordinária de plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Falava da tribuna o Deputado João Leite, do PSDB. Levantou a  voz  enfaticamente contra o que ele classificou como governo imperial do PT, fazendo um paralelo entre a maneira da Presidenta Dilma dirigir o país e o que se observava no período colonial e imperial. Disse que pouca coisa mudara, e que as províncias de outrora, os atuais Estados, estavam cansados de ver suas riquezas sendo levadas pelo poder central e não receber nada em troca.

Disse que o dinheiro tirado dos Estados e que deveria retornar a eles como investimento em obras de infraestrutura e ações sociais, estavam servindo tão somente para financiar as  festas da corte, farras nababescas do pessoal do Planalto e seus agregados. Que a mineira Dilma não olhava para Minas Gerais porque o Estado é governado pelo PSDB.

Num arroubo que soou falso e forçado,  questionou a viagem que Dilma empreendeu à Índia, dizendo que tal périplo não traria nenhum benefício prático para os brasileiros. Ainda, não concordou que a Presidenta e seu séquito se hospedassem em um hotel de luxo, com diárias altíssimas.

Terminou exaltando os feitos do senador Aécio Neves quando governou Minas Gerais, nominando-o reiteradas vezes “o mais querido senador”.

Pois bem, não morro de amores por nenhum partido político brasileiro, sempre guiados pelo fisiologismo, não são idealistas e programáticos, e nesta seara nefasta sobressaem-se justamente o PSDB e PT, e sinceramente não vejo qualquer traço que os distinga, mesmo porque as origens deles é de gêmeos univitelinos,  gerados no ventre da mesma madrasta do povo brasileiro.

Engraçado como o Deputado João Leite se calava quando o PSDB, na presidência por oito longos anos,  inflingiu a Minas  Gerais tratamento muito mais aviltante que o que se observa agora. Mesmo quando tínhamos no Liberdade o fantoche mau-caráter chamado Eduardo Azeredo, do PSDB, Minas Gerais foi literalmente ignorada, um pouco para enfraquecer  o Estado no cenário político nacional, ficando São Paulo com a hegemonia, mas também por uma vingança rasteira, uma vez que o boçal pseudo intelectual Fernando Henrique foi mal de votos nas montanhas altaneiras.

Depois do casuísmo conquistado com a dilapidação do erário federal que lhe garantiu o segundo mandato, e tendo traído o verdadeiro pai do Real, Presidente Itamar Franco, tornaram-se inimigos figadais, e novamente Minas foi marginalizada pelo poder central.  Não teve um mês nos quatro anos de governo de Itamar Franco em Minas Gerais, que o Ministério da Fazenda, a mando do “reizinho”, não cancelasse as verbas a que o Estado tinha direito. A  infraestrutura do Estado quase entrou em colapso, ainda mais tendo Itamar Franco herdado um Estado empobrecido, sem investimentos e com pendências com o funcionalismo deixados pelos anos de rapinagem tucana.

Engraçado que nesses tempos, o Deputado João Leite jamais ocupou a tribuna da Assembleia para bradar contra as mazelas do seu partido, tanto no plano estadual quanto federal. Em casa, tínhamos um governador que não repassava o dinheiro descontado dos funcionários públicos  e muito menos a contrapartida do Estado para a Previdência Militar e para a Civil (IPSM e IPSEMG), tornando o atendimento a saúde do funcionalismo um caos, que não pagava o 13° salário dos funcionários e que fomentou, com suas atitudes espúrias, várias greves, notadamente a da Polícia Militar, de consequências graves para a instituição que na época era  orgulho dos mineiros. Para coroar tanta canalhice, sabemos hoje que ele era um dos artífices do mensalão, e que se o Brasil fosse um país deveras sério, não teria este indivíduo um currículo, mas uma folha corrida da Polícia Civil e do Judiciário.

Quanto ao “mais querido senador”, reconheço que ele tem relevância nacional, não pelas realizações, mas por ter acabado com o funcionalismo público em nome de um falso choque de gestão, que amordaçou a imprensa livre mineira, que, como um ditador de  qualquer republiqueta de bananas, gastou bilhões para transformar mentiras em verdade, que patrocinou com dinheiro do Estado um jogo da seleção brasileira em Belo Horizonte  só para promover-se junto aos artistas da Rede Globo, enfim, que a despeito do tão alardeado sucesso do plano de (indi)gestão, entregou Minas Gerais  quebrada ao seu gerente e sucessor, como agora sabemos.

Pena que os  brasileiros somos de uma prodigiosa falta de memória, pois é desta nossa característica que se valem os larápios para reelegerem-se ‘ad-infinitum’.

inferno-dos-corruptos-brasileiros

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